terça-feira, 30 de setembro de 2008

O petróleo é nosso! Será?

O petróleo é nosso! Será?
Por Tancredo Junior - 21/09/08


Não está muito bem clara essa idéia do presidente Lula de criar uma nova empresa estatal para extrair o petróleo das novas bacias em águas profundas, no chamado pré-sal, descobertas pela Petrobras, com investimentos feitos pela própria empresa. A Petrobras é uma empresa mista, de capital aberto, com ações negociadas nas bolsas do mundo todo. O governo federal é dono da maior parte das ações e por isso tem o direito de controlá-la, nomeando presidentes e diretores. Os acionistas minoritários – pessoas físicas e grandes investidores de vários países – não tem direito a voto nas decisões da estatal. Apenas apostam que os papéis da companhia obterão valorização e rendimentos em médio e longo prazo.
Segundo especialistas, com as descobertas recentes os dividendos (os lucros) da empresa tendem a aumentar, uma vez que detendo o direito de explorar o óleo escondido há mais de seis mil metros de profundidade a transformaria em uma das mais rentáveis petrolíferas do mundo.
Todo mundo ganharia: governo e acionistas.

Mas pode não ser assim. Se vingar essa nova obsessão do governo petista, a Petrobras seria excluída da parada, e perderia os direitos de exclusividade sobre os poços recém descobertos.
Como ficam aqueles trabalhadores brasileiros que, incentivados pelo próprio governo federal, investiram seu FGTS na compra de ações da estatal, acreditando em seu crescimento no cenário mundial? A resposta é nebulosa, mas é quase unânime: poderão ter seus dividendos surrupiados e ver suas ações desvalorizadas, de repente.
Alegando que “o petróleo é nosso”, e que os lucros oriundos das novas reservas recém descobertas devem ser geridos exclusivamente pelo Estado e aplicados na geração de renda do povo brasileiro, o governo encampa uma nova campanha popularesca que engana os mais ingênuos.

Há quem diga que se a Petrobrás deixasse de ser dirigida pelo Estado seria bem maior e competitiva do que é. O governo manda e desmanda na empresa. Loteia cargos entre os aliados, e distribui empregos estratégicos para apadrinhados políticos sem conhecimento técnico.
Aliás, há uma coisa realmente boa que o governo faria: impedir que funções técnicas e administrativas na empresa sejam exercidas por gente sem qualificação, apenas por servidores públicos concursados e treinados.
Seria o primeiro passo para a moralização. Ao invés de criar uma nova empresa, basta deixar a atual nas mãos dos técnicos e diretores de carreira da própria Petrobras, gente treinada e capacitada que realmente entende do assunto. Assim, o petróleo continuaria sendo do Brasil, e os lucros gerados seriam satisfatórios para a nação e para os investidores.
O resto é puro populismo barato de um governo que se pauta pelo fisiologismo desenfreado.
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