terça-feira, 30 de setembro de 2008

“Kinky Boots” e suas inter-relações com as teorias da Psicologia do Consumidor

Por Tancredo Junior - 21/09/08

Quem vê o filme “Kinky Boots” logo de cara o associa com vários fatores que estão relacionados com os conceitos aplicados na disciplina “Psicologia do Consumidor”. Baseado em fatos reais, a idéia central é mostrar que a globalização moderna – ocorrida com mais veemência a partir do início do século XX, tem características particulares aplicáveis no dia-a-dia de consumidores e produtores.
Essa inter-relação é clara e evidente quando aborda questões até então pouco percebidas, principalmente, por empresas familiares, que há décadas se dedicavam a fabricar um único tipo de produto, sem a preocupação de diversificar seu portfólio. O filme tenta mostrar que a falta dessa percepção pode levar à falência pequenas, médias e grandes empresas, de qualquer segmento, em qualquer lugar do mundo.

Mesmo uma empresa tradicionalmente reconhecida pela qualidade e unicidade de seu produto ou serviço, mais cedo ou mais tarde será desafiada a inovar, se quiser sobreviver no mercado altamente competitivo e voraz. Esse mercado, cada dia mais globalizante, não perdoa aquelas empresas que se acomodam diante da falta de criatividade e alienação diante das inovações tecnológicas em produtos e serviços.

A fictícia fábrica de sapatos Price, reconhecida por fazer sapatos que duram a vida inteira, de repente se vê diante de uma nova realidade mercadológica: produzir sapatos mais baratos, que não duram mais que um ano, para competir com concorrentes de outros países, que oferecem calçados a preços mais baixos, porém com menor qualidade. Esse é o “problema”. Um excelente sapato, de marca tradicional, feito à mão e que tem um controle de qualidade que garante sua alta durabilidade dificilmente conseguirá ser produzido a um preço competitivo, frente a marcas novas e importadas, porém menos duráveis e bem mais baratas.

Quando o valor agregado (custo-benefício) de um produto ou serviço de determinada empresa é desproporcional ao dos seus concorrentes, surge, então, um empecilho para sua efetiva comercialização. Tomando-se como exemplo um sapato de couro, faremos uma equação matemática para aferirmos o seu real valor de venda para o consumidor final. Basta somar o custo e o benefício. O cálculo é simples: custo é o investimento empregado na fabricação do produto, somando-se desde o gasto em energia elétrica, matérias primas, mão de obra qualificada e impostos, por exemplo. Tudo isso somado gera um custo de produção do produto, que será somado à margem de lucro do fabricante. Já o benefício é a soma de valores importantes atribuídos ao produto – no caso a durabilidade, a confiança e tradição da marca, o conforto, a exclusividade e status que a marca representa. Juntos, o fator custo-benefício ditará o preço final que esse produto terá no mercado, atribuindo-lhe um valor agregado, que pode ser superior ou inferior a outras marcas. Porém, nem todos os consumidores avaliam essa relação de valor agregado de um produto, e levam em conta tão somente o menor preço, em detrimento da qualidade.

Em “Kinky Boots” percebemos, ainda, que se uma empresa não concorda em praticar as mesmas regras de seus concorrentes, abdicando da valoração de seus produtos e preceitos que defende como fundamentais – como a qualidade final de seus produtos, por exemplo – então é melhor diversificar, ou até mesmo mudar sua linha de produção. Para tanto, a busca por novos nichos de mercado e a criação de novos produtos exclusivos e específicos para esses possíveis novos consumidores é fundamental.
É necessária, após a descoberta de novos mercados, a percepção das necessidades desse universo consumidor, identificando e despertando desejos de compra.
Se não o fizer, com certeza tal empresa estará fadada ao fracasso.

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Texto criado originalmente para a matéria "Psicologia do Consumidor", 6º semestre do curso de Jornalismo na Universidade Paulista (UNIP) - Campus Marquês.

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