sexta-feira, 9 de maio de 2008

Deixar o carro em casa: uma tarefa complicada para o paulistano

Artigo do Tan
Deixar o carro em casa: uma tarefa complicada para o paulistano


Por Tancredo Junior - 30/04/08

A preocupação com a mobilidade no trânsito das grandes metrópoles, e consequentemente com a questão ambiental, tem gerado pesquisas e projetos de governos e ONGs do mundo inteiro, com o objetivo de amenizar os transtornos causados pelo péssimo hábito que adquirimos de usar o automóvel no dia-a-dia, em detrimento do transporte público.
De um lado, os motoristas reclamam da lentidão provocada pelo excesso de automóveis nas ruas. Por sua vez, os ambientalistas e especialistas em saúde afirmam que, cada vez mais, aumentam os casos de doenças respiratórias causadas pela poluição oriunda do monóxido de carbono despejado em toneladas, diariamente, nos grandes centros. E os mais afetados são os mais indefesos: idosos e crianças.
O rodízio municipal em São Paulo, por exemplo, foi uma das alternativas encontradas para tentar minimizar os efeitos provocados pelo complexo trânsito na capital paulista, a cidade com a maior frota de veículos do país.
Estima-se que só em São Paulo são emplacados, diariamente, cerca de mil automóveis novos, totalizando mais de 300 mil unidades por ano.

A idéia do rodízio ameniza, em parte, a questão do excesso de veículos em tráfego, mas não diminui a poluição por eles causada. É o que aponta um importante estudo publicado em 2006, elaborado pelo Laboratório de Poluição da Universidade de São Paulo (USP), que revela que na capital paulista e em outras grandes cidades do mundo cerca de 80% do ozônio e 40% do material particulado lançado diariamente na atmosfera são provenientes da frota de veículos movidos a diesel. Ou seja, no caso de São Paulo, a poluição mais consistente é provocada pela frota de veículos de grande porte: ônibus e caminhões, movidos a diesel. A solução para amenizar a poluição advinda do combustível a diesel seria investir em transporte público sobre trilhos, no caso metrô e trem.
O estudo aponta, ainda, que quando a poluição em São Paulo fica mais concentrada, os moradores tornam-se alvos fáceis de problemas respiratórios que podem provocar aumento da pressão arterial, ocasionando, frequentemente, casos de óbito (cerca de nove mortes por dia devido à poluição). Isso significa de 5% e 10% do número total de mortes na capital.

Uma das alternativas é conscientizar o cidadão a deixar o carro em casa e utilizar os meios de locomoção oferecidos pelo Estado.
No ano passado, o “World Car Free Day” (Dia Mundial Sem Carro), evento internacional realizado com a intenção de convidar os motoristas a deixarem seus carros em casa pelo menos por um dia foi o tema de uma pesquisa do Ibope, que ouviu a opinião dos paulistanos sobre o hábito de usar o carro frequentemente.
O objetivo da pesquisa era medir a adesão ao movimento, além de mensurar o nível de conscientização a respeito da questão ambiental.

Do total de entrevistados pelo Ibope, 53% eram mulheres e 47% homens, dos quais 44% possuiam o ensino médio, e 10% o nível superior.
A pesquisa revela que a maioria dos paulistanos (58%) não tem carro em casa, e que 42% têm carro.
O percentual de pessoas que afirmam utilizar o automóvel todos os dias/quase todos os dias soma 22%, e quem mais usa está na zona oeste: 32%.

Sobre o “World Car Free Day”, apenas 18% citam conhecer esse dia; 9% citaram outras opções relacionadas ao Dia Mundial Sem Carro. Segundo o Ibope, a classe A/B foi a que mais tomou conhecimento da data: 66%, seguido de 49% da C e 39% da D/E. Para os entrevistados, a avaliação do dia mundial sem carro foi considerado “Ótimo”, para 31%, e “Bom”, para 38%.
Em resposta à pergunta “Deixaria de usar o carro caso houvesse uma boa alternativa de transporte?”, 47% responderam “com certeza deixaria”, e 23% “provavelmente deixaria”. Apenas 4% opinaram “dificilmente deixaria” e 25% “não deixaria de usar”. Esses dados revelam que cerca de 70% dos paulistanos estariam dispostos a deixar o carro na garagem e utilizar o transporte público. Ou seja, a pesquisa aponta que há 1,2 milhões de pessoas (15% dos paulistanos) com potencial de mudança de hábito em relação ao uso constante do automóvel.
Isso já é um começo. Cabe, agora, aos governantes, cumprir a sua parte: promover políticas eficazes de incentivo ao uso de transporte público, antes, é claro, investindo em qualidade e eficiência.
Só assim, a atitude de deixar o carro em casa seria mais que uma obrigação. Seria um prazer, e não uma tarefa complicada.
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Tancredo Junior, 35 anos, baiano de Feira de Santana, casado. Radialista e teólogo, atualmente é aluno do 5º semestre de Jornalismo, na UNIP, e sócio-diretor da empresa de comunicação Publicitarget Comunicação sem Limitees http://www.publicitarget.com.br/

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